Guarde isso: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo. C.F.A

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Quando aprendemos a aprender.

Aprendemos a falar; aprendemos a falar coisas desinteressantes
Aprendemos a andar; aprendemos a andar de bicicleta
Aprendemos a nadar; aprendemos a nadar em diversas modalidades
Nascemos sem saber; aprendemos a viver até a morte.

Quando aprendemos a aprender?
Longe de ser a última das minhas indagações, essa é a mais nova e mais esquisita. Cresci e ainda não saí da fase dos "porques". Voltando à pergunta: Quando nos damos conta de que é possível reproduzir o que está a nossa volta? Existe uma idade exata para começar a aprender o que quer que seja? Segundo estudos, as primeiras palavras de um bebê (mama, papa e etc) não significam o que deduzimos, ele não está pondo em preferência o amor à mãe ou pai, e sim descobrindo como utilizar suas cordas vocais emitindo sons diferentes, a coincidência de fonemas se dá pelo fato de palavas com M, P, B, G e T serem mais fáceis de pronunciar. Sabemos que é impossível lembrar do nosso primeiro passo, primeira palavra ou primeiro surto de razão, pois no início da vida não sabemos nem como guardar momentos na memória. Então o que inicia a nossa capacidade de aprender, de ver como um adulto anda e tentar fazer igual, de ouvir sons e tentar reproduzí-los, quando nos estendemos por gente?

A resposta é: aprendemos sempre.

Desde a formação fetal. Nos nossos primeiros meses observamos aos poucos tudo o que está à nossa volta, e o tempo se encarrega de amadurecer e aprimorar a nossa inteligência perceptiva. Até que chegamos a uma idade limite para absorvermos, quase por osmose, tudo que é instintivo, a partir daí aprendemos apenas coisas do mundo: convivência, educação, relacionamentos, desejos, preferências. Mas, por incrível que pareça, aprender com os próprios erros é a nossa espécie de curso profissionalizante mais eficaz, errar para não repetir, desmentir a tese de que o sábio é o que aprende com os erros alheios, e categorizar a de que o próprio erro é o que melhor ensina. Atingimos um patamar de aprendizagem ao qual apenas observar já não adianta mais.

Posto à mesa mais uma complexidade humana, quando enfim nos damos conta que aprendemos a aprender, descobrimos que para isso os piores caminhos devem ser tomados, e que um desses "piores caminhos" é tão interessante que não queremos que ele seja apenas uma etapa da nossa lição de casa, mas infelizmente é só o que é, assim como o tempo, não podemos voltar, quanto mais dizer: terminei a minha lição, já sei como não errar no mesmo ponto, vou voltar a página e corrigir o erros. Enfim percebo que aprender a aprender não é tão interessante assim depois de descobrir quando acontece, porque é nesse momento que a realidade alerta: tudo é mais difícil do que a escola, livros e filmes ensinam. Triste vida essa nossa.