Guarde isso: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo. C.F.A

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Pega-varetas é vida

Quem nunca jogou pega-varetas que atire a primeira tora de madeira gigante. Um dos jogos antigos mais divertidos, que exige concentração e paciência; mas o que está implícito?

Um complexo de sábio têm me invadido, procuro criar analogias para tudo, e percebi que brincar é uma paráfrase da realidade humana. Eu sou o pai, você é a mãe, esse aqui é nosso filhinho, eu sou o rei, você é o súdito e deve me obedecer, eu sou Jó, você é o escravo (Jó nem teve escravos) e deve jogar cachangá.

Pega-varetas reflete a nossa relação com os outros, as cores representam as diferentes personalidades, qualidades e também defeitos, cada uma merece uma pontuação diferente, dispensamos algumas cores, as menos relevantes, almeijamos as mais, e o nosso objetivo principal é sempre uma, aquela que faz tudo valer a pena, a de 50 pontos na sua singularidade e completa indiferença, não é a mais bonita, sempre é a mais difícil, e ainda assim por mais que unidades de varetas sejam conquistadas, por mais pontos adquiridos, a nossa obsessão paira no ar, se a conseguimos a felicidade emana no nosso sorriso vitorioso, a hegemonia exala no suor da testa, e se não conseguimos, ainda que ganhando o jogo, sentimos a decepção de nadar e morrer na praia, deixando até de perceber o quanto as coloridinhas são bonitas e alegres, com valor e serventia intríseca, preocupamo-nos apenas em não balançá-las, ninguém quer ser responsável por danos causados à outros na busca de algo pessoal.

Essa foi a historinha que elaborei e contei enquanto brincava com alguns amigos, todos disseram:
- Faz sentido.
E para não perder a oportunidade eles disseram antes:
- Você 'viaja' demais.

Rapidinhas #11 (alheia)

"E - de repente - senti. Estava tudo muito bonito. Esse mês de dezembro tá tão lindo, tão manso. Tão novo. Tão eu novo." (Caio F. Abreu)