Guarde isso: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo. C.F.A

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Saudade do futuro

Eu digo que saudade não tem definição. Se saudade fosse apenas o que faz falta, que incompleta, mas não, vai tudo muito mais além, infinitamente além; saudade é aquilo que não sabe se quer doer ou se quer acarinhar. A saudade não se decide, ela resolveu só existir, sem propósito , rumo, eira, beira e estribeira. Às vezes ela é chata, aparece do nada, contestando e contrariando a si mesma, e então ela própria se explica, se dedilha, se soletra. Ela ensina que saudade boa existe do tempo passado, saudade ruim existe do tempo futuro, como se a possibilidade de sentir saudade do futuro fosse válida. Pior que é. Eu sinto. Você com certeza também deve sentir muita saudade de um tempo que jamais veio, essa é a penalidade para aqueles que imaginam demais, que montam, remontam e enfeitam o dia de amanhã. Hoje aos 19 anos, eu digo que sinto muita falta dos meus 30 anos que planejei quando ainda tinha 18, e como tudo muda, nem sei mais se chego aos 25, mas espero. Saudade é melancolia, com ela percebo que o tempo passou, saudade é sinônimo de tempo, saudade é tempo e vice-controvérsia. Ah! Saudade, como é fundamental, nem aqueles que tem tudo o que querem se privam de sentir-te, amar-te e odiar-te, mas eu prefiro te sentir tendo o que eu quero, assim só sentirei saudade do passado, quando eu aproveitava tudo o que tive e jamais do futuro quando peno pelo que antecipadamente deixei de ter.

"Espero que o mundo mude, e que a situação melhore, mas o que eu mais quero é que você entenda, quando digo que ainda que eu não te conheça, apesar de talvez jamais encontrar você, rir com você, chorar com você ou beijar você, eu te amo de todo coração. Eu te amo."

V de Vingança

domingo, 22 de maio de 2011

Um arte que é só minha

Eu sou um artista. Não um artista qualquer, eu sou o mestre dos artistas, e não pense que é de qualquer arte, não, é de uma arte que não tem beleza: a arte de ser rejeitado.
Olha, isso não é para qualquer um, é necessário muita competência, é preciso saber mostrar às pessoas que tudo o que você mais deseja é proximidade, é essencial correr atrás delas, fazer questão de sua companhia, mandar inúmeras mensagens de afeto e nelas dizer o quanto você adoraria que vocês estivessem juntos, é obrigatório sempre cumprimentá-las, sorrir para elas, mostrar que você se importa até o fundo da alma e depois de preparar todo esse ritual de humilhação você estará pronto para a melhor das rejeições, não espere receber mais que um "oi" sem vontade ou uma falta de olhar para que você perceba o tamanho da sua insignificância. Telefonema? O que é isso? E sms, você não esperou, esperou? Ah, que pena, a espera será em vão, sempre. Para falar a verdade, aceite que você não existe para determinados alguéns, se existir é apenas como "mais um na multidão", aquele "mais um" a quem não damos bom dia, nem lembramos que existe, que vimos em alguma ocasião, no sinal fechado talvez. Aceite. O segredo desse tipo diferente de artista é a aceitação, deve-se olhar para si e repetir inúmeras vezes: eu não valho a pena, não fazem questão de falar comigo, eu sou um "tanto faz". Agora responda, você inveja meus dotes artísticos? Duvido.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Rapidinhas #15

Se todas as profecias fossem verdadeiras eu teria muita sorte no jogo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ela usa meias

Era domingo, meu coração sentia uma imensa necessidade de doçura, resolvi visitá-la, seu sorriso sempre emocionado no momento do reencontro desfaz todo o mal-estar do mundo, me deparei com ela e com aqueles pezinhos meigos assim que a porta se abriu para me receber, que pés fofos, proporcionais, aconchegantes, pois saibam todos que seus pés estavam vestidos por um bonito par de meias brancas. Que ser humando usa meias para passar o dia de domingo em casa no calor doentio do sertão? Ela... Ela usa. Não pude deixar de comentar e rir, ela também, rimos juntos. Toda a sua delicadeza se evidencia a cada novo reencontro nesses nossos quatro anos da mais sincera amizade, seja no seu diário todo decorado e preenchido com trechos de tudo o que acontece, inclusive comigo, seja na maneira meiga como ela chama meu nome e diz estar com saudades ou tenta me agredir sem muito sucesso, tapas na cara com pétalas de rosa define o efeito dos seus reclames. Conheço profundamente seus espinhos e quantas tempestades eles podem controlar, mas não comigo, que posso vê-la de meias num domingo à tarde. Seus cabelos castanhos contrastam com sua pele clarinha e dão uma ideia cinematográfica da mulher perfeita em graça e beleza, seus olhos sorriem sozinhos, fecham até o final, sua sensualidade não deixa se esconder por sua doçura e seus pés tem meias, eles sentem frio e temem a agressividade da exposição total, seu sotaque já não tem mais identidade, misturou-se, agora é único, é dela. Aquela menina me encanta, mais que isso, ela me conforta, me faz lembrar dos tempos em que ser meigo também fazia parte de mim, ela é especialmente completa e sabe fazer arroz, talvez miojo também, só que mais importante que isso: ela sabe dar carinho.
A considero a fada Amazona de um Jardim no Jardim Amazonas, embora ela não goste muito da localidade, aquele bairro faz a analogia perfeita ao seu ser. Ela é diferente, um pouco muito careta, quase perfeita, uma linda mulher que usa meias na tarde de domingo, o meu encanto só se quebrou por um instante; as meias foram interessantes, mas meia e chinelo destroem qualquer relação, espero que depois da minha bronca ela aprenda a não quebrar encantos nunca mais.

Para: Gabriela Moraes, com E.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Encontros e despedidas

Desencontros, a vida tem dessas coisas. De que adianta uma imensidão de porques, se encontrar a resposta não é fácil? Por que eu deixei de ir? De fazer? De falar? Por que isso aconteceu comigo? Não, não pergunte, apenas viva, siga como se um não fosse um pedido honesto para que você continue, o caminho é longo meu caro, guarde os questionários para depois, guarde-os para coisas especiais e boas, para ocasiões infinitamente felizes, pergunte porque você está sorrindo com mais gosto, porque tudo parece estar no lugar, porque tudo está dando certo, pare de querer questionar apenas o ruim, pare de achar que você não merece, porque você merece talvez até o dobro, mas infelizmente sua hora não chegou, deixe o outro passar a sua frente mais uma vez, isso é bom e generoso, isso mostra que você é paciente e suporta as diversas perdas de tudo, e mais, é no momento em que estamos mais perdidos de nós e do outro que o verdadeiro encontro faz a diferença.

Sabe o paradoxo da espera do ônibus? Então... é daquele jeito: quanto mais a gente espera menos teremos que esperar.

Eu já me encontrei muito, meu eu está sempre se topando comigo nos melhores momentos, a cada hora eu sei mais de mim, quem sou, o que quero, aprendi tudo direitinho, agora preciso de mais competência para encontrar outros "eus" que não façam apologia a eu mesmo, falo de encontrar o seu eu, o eu de alguém que não está lendo isso, o eu que vaga por aí, o eu que significa tu. Quero encontrar, preferencialmente, o meu reflexo, que interpretado de maneira correta é o meu inverso, sou eu do avesso, sou eu canhoto. Se existiram desencontros? Inúmeros, eu diria. Um dia a vida acerta e me fará sair de casa na hora certa, me dará um rumo, e pela demora, o que vier será em boa hora e fará toda a diferença.