Numa das vezes que tropecei nos calcanhares, naquela não tão distante infância, esfolei os joelhos nos grãos grosseiros da areia. Lembro da dor, do sangue, do impacto, da preocupação da minha avó, suas reclamações que mais pareciam carícias, a água da torneira batendo no ferimento, o sabão desinfetando, o merthiolate se aproximando - com a trilha de "Tubarão" como fundo musical- vermelho como nunca, fazendo arder.
- Ai, tá doendo. Eu dizia.E logo aparecia uma daquelas "vó-explicações", naquele doce "vó-jeito" de ser, para justificar:
- Se dói, é porquê está sarando.
Foram precisos alguns anos para eu perceber que é assim que a vida funciona. Genial, vozinha! Genial.