A cada novo dia eu acordo por puro e benéfico prazer de saber o que mais de estranho a vida me reserva, pois bem, aqui estou eu para relatar a mais nova façanha do destino para me ensinar que não estamos aqui a passeio, isso é sério, é diferente e é imprevisível. Vamos à dois fatos alineares:
1- 1º de abril, meu aniversário, o dia mais importante do ano para mim;
2- 31 de março, uma grande amiga minha sofre um acidente. Atropelamento.
Vamos unir fato 2 ao fato 1:
1º de abril, o dia começa fofinho, as mensagens brotam no meu celular, as pessoas que se importam comigo e lembraram da data me dão mais um motivo para sorrir, as pessoas que se importam comigo e não lembraram da data são perdoadas, as pessoas que lembraram da data e não se importam comigo são a prova de que devo dar menos importância a elas, embora eu não consiga. Tudo perfeito, exceto pelo fato da minha amiga estar em um hospital.
Nota 1: estamos no dia da mentira;
Nota 2: nem toda mentira tem graça.
O telefone toca e dessa vez para anunciar, não o início de mais um ano de vida mas o início de menos um ano de vida. Em estado de choque, recebo a notícia do falecimento, "ela não resistiu", foi o que me disseram, e ainda em estado de choque ganho força para prosseguir em estado de choque, algo sobe à minha garganta, os olhos umedecem, a boca seca, a dor vem e o mais pesado e dolorido de tudo, meu próximo aniversário seria também o aniversário do falecimento de alguém que gosto. Naquele momento me martirizei por todos os pontos aos quais faltei, queria dizer muito a quem agora não escutaria nada. Doeu. Mais nela do que em mim, muito em mim e menos nela, não sei, mas doeu. Diante desse contraste - felicitações de um lado e consolações do outro - reconheço o quanto amo viver e o quanto isso é divino; viver não é simples, é desafiador, é milagroso. Não me futilize por cobrar parabenizações, não importa em que dia seja, uma semana depois, um mês depois, mas o faça, porque um aniversário é a comemoração de uma vida que se prolonga. Poderia ser eu o atropelado e então agora falecido, e tudo o que ainda tenho pra dizer ou que você ainda tem para me dizer, onde fica? O que me acalmou foi poder ler o relato de quem se importa comigo, me emocionar com isso e saber que pelo menos com uma pessoa eu não teria dívida, porque resolvemos tudo em vida (Leia o relato aqui). Esse relato me deu o extímulo para dizer "poxa, algumas pessoas prestam atenção" e essas com certeza me velariam com sinceridade. Agora aos 19 anos, acho que a vida está passando rápido demais, e ela está sendo dura. Ano passado o meu primeiro de abril foi diferente, apaixonado, nesse eu estive mais uma vez sentido apenas o básico: amor ao próximo. Muita coisa ainda tem que acontecer. Minha amiga, com apenas 18 anos e tudo pela frente, agora morta, era o exemplo de que não devo tratar a vida com rancor, era o exemplo de que hoje é o dia de dizer "me perdoa?" ou também um "sim, eu te perdoo", ela foi o instrumento que o destino usou para servir como moral de uma fábula...
...O telefone toca, eu atendo:
- Sabe a morte dela? Então, fez parte do 1º de abril. Ela está viva. Dolorida, mas viva, vivíssima!
Senti alívio, senti que morrer de mentira é algo que deve acontecer à todos pelo menos uma vez, senti vontade de correr e gritar pra todo mundo com quem tenho dívida que não preciso esperar a morte vir para perceber que coisas devem ser ditas, senti ódio por saber que um filho da puta foi capaz de se aproveitar do dia da mentira para brincar com a vida de alguém dessa forma, senti que estar com 19 anos e poder sentir tanta coisa de uma vez só é tão divino quanto a vida e tudo mais. E assim foi o meu dia.
Feliz aniversário pra mim.
1- 1º de abril, meu aniversário, o dia mais importante do ano para mim;
2- 31 de março, uma grande amiga minha sofre um acidente. Atropelamento.
Vamos unir fato 2 ao fato 1:
1º de abril, o dia começa fofinho, as mensagens brotam no meu celular, as pessoas que se importam comigo e lembraram da data me dão mais um motivo para sorrir, as pessoas que se importam comigo e não lembraram da data são perdoadas, as pessoas que lembraram da data e não se importam comigo são a prova de que devo dar menos importância a elas, embora eu não consiga. Tudo perfeito, exceto pelo fato da minha amiga estar em um hospital.
Nota 1: estamos no dia da mentira;
Nota 2: nem toda mentira tem graça.
O telefone toca e dessa vez para anunciar, não o início de mais um ano de vida mas o início de menos um ano de vida. Em estado de choque, recebo a notícia do falecimento, "ela não resistiu", foi o que me disseram, e ainda em estado de choque ganho força para prosseguir em estado de choque, algo sobe à minha garganta, os olhos umedecem, a boca seca, a dor vem e o mais pesado e dolorido de tudo, meu próximo aniversário seria também o aniversário do falecimento de alguém que gosto. Naquele momento me martirizei por todos os pontos aos quais faltei, queria dizer muito a quem agora não escutaria nada. Doeu. Mais nela do que em mim, muito em mim e menos nela, não sei, mas doeu. Diante desse contraste - felicitações de um lado e consolações do outro - reconheço o quanto amo viver e o quanto isso é divino; viver não é simples, é desafiador, é milagroso. Não me futilize por cobrar parabenizações, não importa em que dia seja, uma semana depois, um mês depois, mas o faça, porque um aniversário é a comemoração de uma vida que se prolonga. Poderia ser eu o atropelado e então agora falecido, e tudo o que ainda tenho pra dizer ou que você ainda tem para me dizer, onde fica? O que me acalmou foi poder ler o relato de quem se importa comigo, me emocionar com isso e saber que pelo menos com uma pessoa eu não teria dívida, porque resolvemos tudo em vida (Leia o relato aqui). Esse relato me deu o extímulo para dizer "poxa, algumas pessoas prestam atenção" e essas com certeza me velariam com sinceridade. Agora aos 19 anos, acho que a vida está passando rápido demais, e ela está sendo dura. Ano passado o meu primeiro de abril foi diferente, apaixonado, nesse eu estive mais uma vez sentido apenas o básico: amor ao próximo. Muita coisa ainda tem que acontecer. Minha amiga, com apenas 18 anos e tudo pela frente, agora morta, era o exemplo de que não devo tratar a vida com rancor, era o exemplo de que hoje é o dia de dizer "me perdoa?" ou também um "sim, eu te perdoo", ela foi o instrumento que o destino usou para servir como moral de uma fábula...
...O telefone toca, eu atendo:
- Sabe a morte dela? Então, fez parte do 1º de abril. Ela está viva. Dolorida, mas viva, vivíssima!
Senti alívio, senti que morrer de mentira é algo que deve acontecer à todos pelo menos uma vez, senti vontade de correr e gritar pra todo mundo com quem tenho dívida que não preciso esperar a morte vir para perceber que coisas devem ser ditas, senti ódio por saber que um filho da puta foi capaz de se aproveitar do dia da mentira para brincar com a vida de alguém dessa forma, senti que estar com 19 anos e poder sentir tanta coisa de uma vez só é tão divino quanto a vida e tudo mais. E assim foi o meu dia.
Feliz aniversário pra mim.