Guarde isso: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo. C.F.A

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

...por isso, moço, eu procuro sempre tirar do bolso da camisa um brilho intenso para pôr nos olhos.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A vida e um pouco mais

É bom agradecer. Hoje quando me olho vejo tantas histórias, e cada uma delas cosegue ser tão linda que a única coisa que me cabe é aceitá-las de coração aberto. Não fosse eu escutar uma música e lembrar na sensação que ela me causou quatro anos atrás, quando uma amizade forte começara a existir, eu não saberia o quanto as lembranças são satisfatórias. Não preciso de tanto, ao mesmo tempo que um pouco possa ser muito, preciso do básico, e eu quase tenho... falta pouquinho... Eu tenho uma história, uma grande, engraçada, aventureira, comum em uma existência feliz e sadia história, que entra no pulmão toda vez que respiro, que sai no meu suor e me faz sentir uma coisa concreta pela vida, pela minha vida particularmente, porque ela me surpreende com emoções, ela me oferta o que há de melhor, às vezes uma decepçãozinha, uma dor chata, mas faz parte, é assim mesmo, eu sinto pela vida, pela minha vida, aquilo que eu sei que ela sente por mim, e de sobra: Amor, o abstrato mais concreto que me motiva a ser o que sou. Quando se ama algo, alguma coisa, alguém, ou só a vida inteira, adradecer torna-se muito bom: Obrigado!

domingo, 4 de setembro de 2011

Acho lindo ouvir histórias de amores que venceram décadas até que se consolidassem, amores que enfrentaram a distância, o esquecimento, amores que se depararam com outros amores, e os outros não foram suficientemente fortes para substituí-lo, amores que tudo suportaram e em tudo acreditaram, amores verbos que de tão presentes viraram substantivos, amores de verdade que são capazes de jamais morrer com o tempo, que ignoraram toda e qualquer decepção, falta ou fúria, e embora eu ache lindo, dispenso, porque não pretendo passar o resto dos meus dias até a terceira idade sentindo e sofrendo por algo que insiste em não passar, é peso demais para poucas forças, e eu não quero ter que precisar de pernas, além de um coração, pra poder suportar tanto.

sábado, 20 de agosto de 2011

Sim, eu gosto

Parece que não há cura. Os dias vão passando, e com eles mais erros, muitos erros, muitas coisas mal pensadas, enfim, coisas destrutivas que maqueiam as marcas e dão a sensação de que está tudo bem, mas basta uma chuva, uma simples gotinha de água, talvez uma lágrima para que todo o disfarce desmanche, toda a pseudo-cura escorra e venha à tona o fato de que só sobraram os erros junto de uma grande parcela de feridas expostas, e essa grande falta de arrependimento. Não há culpa quando o sofrimento causado não supera o sofrido, assim como não há dor que supere a de um coração que foi aberto para ser invadido calmamente e, de súbito, largado com agressividade, deixado pra trás com rastros de vasos rompidos e musculos dilascerados Há de chegar o dia em que tudo tem que cicatrizar, dia esse que não consta como data magna no calendário e que se afasta a medida em que, diariamente, encontro com o meu passado cada vez mais atraente e charmoso em alguma parte do caminho, porque a cada reencontro o coração faz questão de se machucar por si, deixando a ferida em carne viva, fazendo a dor lembrar o quanto foi bom se doar inteirmante e o quanto isso pode ser ruim. Um dia, quem sabe, poderei ter a oportunidade de ainda ouvir novamente o soprar do "eu gosto, você gosta?"

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Jura secreta

Só uma coisa me entristece
O beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que não causei
Nada do que posso me alucina
Tanto quanto o que não fiz
Nada que eu quero me suprime
De que por não saber 'Inda não quis

Só uma palavra me devora
Aquela que meu coração não diz
Só o que me cega
O que me faz infeliz
É o brilho do olhar
Que não sofri

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Nova rotina

Embora, aparentemente, eu tenha conseguido tudo o que mais lutei para ter, ainda sinto que falta alguma coisa irrelevantemente importante para que, a partir de agora, a minha vida não se resuma a apenas cálculos e aferição de meniscos. Algo que faça as músicas que ouço enquanto viajo todas as manhãs ganharem mais sentido, no bom sentido, exatamente como acontece quando as coisas dão certo.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O pessimismo ganhou trono

Aprendi com a vida que duas palavras específicas tendem a corroer-se em uma espécie de desvalorização, essas são "sempre" e "nunca". Vivenciei situações em que o "nunca", antes declarado, tornou-se tão possível e tão presente que acabou entrando na classificação das coisas que mereciam ser vividas para sempre, mas o "sempre" está tão ligado ao nunca que conseguiu provar não ser possível ou palpável, porque nada é para sempre, ou seja, o para sempre nunca acontece e o nunca tende a sempre acontecer. Que complexo, droga. Me acostumei a nunca mais dizer sempre e sempre dizer nunca, talvez porque me privo e acredito demais em "nuncas" e me cansei de lutar para permanecer com a mesma coisa para todo o "sempre". O que é para sempre um dia vai me cansar, mas nunca vai ser esquecido e o que nunca vai acontecer me excita a querer vivenciar a situação, mesmo que por simulação de como tudo seria se acontecesse. Eu sou assim, paranóico, tanto é que não consigo escrever paranóico sem o acento agudo por medo de que alguém me corrija, mesmo sabendo que o agudo desapareceu do "oi"; toda vez que algo bom me acontece começo a pensar em como vai ser quando começar a dar errado, talvez por acreditar mais no "nunca algo é para sempre, tudo um dia vai acabar", aí eu agilizo o processo e faço acabar precocemente. Droga de novo. Não sei o que se passa na minha cabeça, tendo a fazer os nuncas serem possíveis, eu procuro uma pontinha de linha por aí e vou tecendo o improvável, fazendo o bem virar mal, o amor virar ódio, a admiração virar desprezo, eu já disse que nunca magoaria alguém antes, então. Droga, três vezes. Me confundo tanto com tudo, sou tão bom em ser desastrado, em procurar motivos, que não sei mais o que eu quero, só sei o que não quero, e eu não quero mais o que um dia eu tanto disse que ia querer pelo resto da minha vida (sempre), o que prometi nunca esquecer, o que me comprometi a sempre renovar, não quero mais sentir algo forte por quem quer que seja e me iludir com contos de felizes para sempre, pois quando acabar todo o bem ofertado vira um mal indesejado, vou aprender a viver no "tanto faz", ou melhor, eu já aprendi.

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Passou


Ele descobriu que não sabia mais o que queria da vida, não sabia mais de nada, só vivia e deixava fluir. Às vezes segurava um livro nas mãos para permitir que o tempo passasse sem ser notado, fechava os olhos para fingir cegueira e assim deixar de ver tudo o que ele desejava passar à sua frente, em direção a um mundo onde ele não tinha licença para entrar. Tudo passava, a alegria passava, a dor passava, e então a companhia, as gargalhadas, as amizades, a vontade, tudo. Quanta coisa passava, e ele também foi passando, caminhando, de olhos cerrados, com o livro nas mãos, com medo. As ruas iam ficando para trás, no peito um arrependimento chato o fazia ter vontade de ficar, de não passar também, de esperar, vai que as coisas apenas dão voltas, vai que depois de algum tempo elas possam chegar ao ponto inicial, e se ele não estiver lá esperando? Mesmo assim ele seguiu, porque entendeu que por mais que as coisas voltem, um dia elas partiram, e o que é pra ser de verdade nunca se vai.

domingo, 26 de junho de 2011

Eita, gota.

Beleza que existem clássicos do cinema e que esses quebram, em teores conservadoristas, a magia que veio junto com toda a tecnologia atual. Fazer cinema tem se tornado cada vez mais fácil ao ponto em que se torna cada vez mais difícil, mais fácil no lado técnico, mais difícil se considerarmos o imenso esforço de um cineasta em conseguir agradar um público cada vez mais exigente. Entedam: hoje dispomos de uma tecnologia que reduz o tempo de uma produção, aperfeiçoa traços técnicos visuais e faz o impossível ser visível, tocável e em 3D, porém, na pedra lascada cinematográfica as "dificuldades", conhecidas como falta de recursos profissas de tecnologia, faziam tudo ser mais complicadinho, cheio de probleminhas e valorizados, pois, em análise, deixavam tudo mais, digamos, "teatral" (comparando o grande nível de improvisos nos efeitos especiais). Hoje, depois de ver Rambo (1,2,3 e 4) pude notar o quanto as coisas mudaram, primeiro em critérios de criatividade; a personagem em questão adquire recursos da linha MacGyver de facilidade, junto com o treinamento na "Escola Chukc Norris de artes maciais que te tornam invencível" e prova que o diabo sabe usar uma faca e com ela reproduzir as funções de todos os eletrodomésticos da minha casa. Sem mencionar que em Rambo 1, o Silvester Stalone decorou, no máximo, um verso de cordel para recitar em tom neurótico durante um filme de mais de 1h30min; no mais ele atira com uma metralhadora de life infinito, mata, joga a faca (que sempre sai não sei de que buraco, ele deve ter umas trinta da mesma no bolso) e exala testosterona pelos poros. Aí eu me pergunto, "porque Deus, porque eu gosto tanto desse filme?".
Não é por nada, mas criei um gosto refinado para cinema (huuuummmm), esse gosto envolve bons diálogos, efeitos especiais de verdade ou nenhum, trilha sonora, fotografia e etc, não importanto a época, pois sei diferenciar o que há de melhor hoje ou na década do lançamento de Tempos Modernos, mas nada supera um filme que sabe como te tocar lá dentro, como Rambo, que é simples, resumido, me deixou à beira de um ataque epilético e com vontade de esquartejar meu irmão, a mensagem foi passada e eu a entendi, tudo bem que ficar mais violento e desejar que ele degole os Russos não é algo legal de se sentir, muito menos para pessoas que não caem nesse discurso de coitadinho que os Norte Americanos lançaram em contrapartida aos Vietnamitas na primeira edição do filme, em momento algum senti que o ataque de pelanca do Rambo para justificar seu patriotismo e as mortes na guerra fosse plausível. Não colou. Mas que o filme envolve não podemos negar, porque envolve. Desculpa Vin Diesel, mas você ainda tem muito chão para poder superar esse passado grandiosos de filmes de machos de verdade.

Preciso de uma faca dessas.

domingo, 12 de junho de 2011

Fase?

Me sinto solitário, não quando estou acompanhado, me sinto solitário quando estou sozinho. Eu sei que essa é a lógica, mas comigo tem sido diferente. Antes estar sozinho era divertido, eu estava carnalmente sozinho, mas por dentro eu não estava, eu era feliz e me divertia, hoje estar sozinho faz parte de uma tortura constante, é como se eu não bastasse para mim mesmo. Antes eu era feliz e sabia, sim eu sabia e sempre dizia que considerava felicidade o meu estado de espírito vinte e quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias por ano durante dezessete anos ininterruptos. Essa não é uma daquelas manias humanas de idealizar o passado, porque mesmo naquele presente eu entendia que era feliz. Hoje sou parcialmente e com sinceridade. Sou feliz com minha família, com meus amigos, com os grupos que participo, com os outros, não comigo, não mais. Por isso estou solitário, quem irá se aproximar de alguém que não consegue trazer a felicidade para si? Ninguém é tão idiota. Essa pode ser uma fase, uma das muitas, pelas quais terei que passar até achar o pote de ouro no fim do caminho; tem sido massacrante, decepcionante, tem me magoado. A culpa é minha, o problema é comigo, eu que estou fazendo algo errado, eu sei, mas o quê?
Se sentir solitário é ter sempre o mesmo filme preferido como companhia, é querer e ter para quem ligar e evitar por saber que pode ser ruim, é não conseguir ler um livro por sempre interrompê-lo com a própria história mil e uma vezes repetidas, é conversar com setenta pessoas e ver essas setenta pessoas evaporarem meia hora depois, é não encontrar apoio no próprio pensamento, nem espaço. Me sinto sem espaço.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Saudade do futuro

Eu digo que saudade não tem definição. Se saudade fosse apenas o que faz falta, que incompleta, mas não, vai tudo muito mais além, infinitamente além; saudade é aquilo que não sabe se quer doer ou se quer acarinhar. A saudade não se decide, ela resolveu só existir, sem propósito , rumo, eira, beira e estribeira. Às vezes ela é chata, aparece do nada, contestando e contrariando a si mesma, e então ela própria se explica, se dedilha, se soletra. Ela ensina que saudade boa existe do tempo passado, saudade ruim existe do tempo futuro, como se a possibilidade de sentir saudade do futuro fosse válida. Pior que é. Eu sinto. Você com certeza também deve sentir muita saudade de um tempo que jamais veio, essa é a penalidade para aqueles que imaginam demais, que montam, remontam e enfeitam o dia de amanhã. Hoje aos 19 anos, eu digo que sinto muita falta dos meus 30 anos que planejei quando ainda tinha 18, e como tudo muda, nem sei mais se chego aos 25, mas espero. Saudade é melancolia, com ela percebo que o tempo passou, saudade é sinônimo de tempo, saudade é tempo e vice-controvérsia. Ah! Saudade, como é fundamental, nem aqueles que tem tudo o que querem se privam de sentir-te, amar-te e odiar-te, mas eu prefiro te sentir tendo o que eu quero, assim só sentirei saudade do passado, quando eu aproveitava tudo o que tive e jamais do futuro quando peno pelo que antecipadamente deixei de ter.

"Espero que o mundo mude, e que a situação melhore, mas o que eu mais quero é que você entenda, quando digo que ainda que eu não te conheça, apesar de talvez jamais encontrar você, rir com você, chorar com você ou beijar você, eu te amo de todo coração. Eu te amo."

V de Vingança

domingo, 22 de maio de 2011

Um arte que é só minha

Eu sou um artista. Não um artista qualquer, eu sou o mestre dos artistas, e não pense que é de qualquer arte, não, é de uma arte que não tem beleza: a arte de ser rejeitado.
Olha, isso não é para qualquer um, é necessário muita competência, é preciso saber mostrar às pessoas que tudo o que você mais deseja é proximidade, é essencial correr atrás delas, fazer questão de sua companhia, mandar inúmeras mensagens de afeto e nelas dizer o quanto você adoraria que vocês estivessem juntos, é obrigatório sempre cumprimentá-las, sorrir para elas, mostrar que você se importa até o fundo da alma e depois de preparar todo esse ritual de humilhação você estará pronto para a melhor das rejeições, não espere receber mais que um "oi" sem vontade ou uma falta de olhar para que você perceba o tamanho da sua insignificância. Telefonema? O que é isso? E sms, você não esperou, esperou? Ah, que pena, a espera será em vão, sempre. Para falar a verdade, aceite que você não existe para determinados alguéns, se existir é apenas como "mais um na multidão", aquele "mais um" a quem não damos bom dia, nem lembramos que existe, que vimos em alguma ocasião, no sinal fechado talvez. Aceite. O segredo desse tipo diferente de artista é a aceitação, deve-se olhar para si e repetir inúmeras vezes: eu não valho a pena, não fazem questão de falar comigo, eu sou um "tanto faz". Agora responda, você inveja meus dotes artísticos? Duvido.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Rapidinhas #15

Se todas as profecias fossem verdadeiras eu teria muita sorte no jogo.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ela usa meias

Era domingo, meu coração sentia uma imensa necessidade de doçura, resolvi visitá-la, seu sorriso sempre emocionado no momento do reencontro desfaz todo o mal-estar do mundo, me deparei com ela e com aqueles pezinhos meigos assim que a porta se abriu para me receber, que pés fofos, proporcionais, aconchegantes, pois saibam todos que seus pés estavam vestidos por um bonito par de meias brancas. Que ser humando usa meias para passar o dia de domingo em casa no calor doentio do sertão? Ela... Ela usa. Não pude deixar de comentar e rir, ela também, rimos juntos. Toda a sua delicadeza se evidencia a cada novo reencontro nesses nossos quatro anos da mais sincera amizade, seja no seu diário todo decorado e preenchido com trechos de tudo o que acontece, inclusive comigo, seja na maneira meiga como ela chama meu nome e diz estar com saudades ou tenta me agredir sem muito sucesso, tapas na cara com pétalas de rosa define o efeito dos seus reclames. Conheço profundamente seus espinhos e quantas tempestades eles podem controlar, mas não comigo, que posso vê-la de meias num domingo à tarde. Seus cabelos castanhos contrastam com sua pele clarinha e dão uma ideia cinematográfica da mulher perfeita em graça e beleza, seus olhos sorriem sozinhos, fecham até o final, sua sensualidade não deixa se esconder por sua doçura e seus pés tem meias, eles sentem frio e temem a agressividade da exposição total, seu sotaque já não tem mais identidade, misturou-se, agora é único, é dela. Aquela menina me encanta, mais que isso, ela me conforta, me faz lembrar dos tempos em que ser meigo também fazia parte de mim, ela é especialmente completa e sabe fazer arroz, talvez miojo também, só que mais importante que isso: ela sabe dar carinho.
A considero a fada Amazona de um Jardim no Jardim Amazonas, embora ela não goste muito da localidade, aquele bairro faz a analogia perfeita ao seu ser. Ela é diferente, um pouco muito careta, quase perfeita, uma linda mulher que usa meias na tarde de domingo, o meu encanto só se quebrou por um instante; as meias foram interessantes, mas meia e chinelo destroem qualquer relação, espero que depois da minha bronca ela aprenda a não quebrar encantos nunca mais.

Para: Gabriela Moraes, com E.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Encontros e despedidas

Desencontros, a vida tem dessas coisas. De que adianta uma imensidão de porques, se encontrar a resposta não é fácil? Por que eu deixei de ir? De fazer? De falar? Por que isso aconteceu comigo? Não, não pergunte, apenas viva, siga como se um não fosse um pedido honesto para que você continue, o caminho é longo meu caro, guarde os questionários para depois, guarde-os para coisas especiais e boas, para ocasiões infinitamente felizes, pergunte porque você está sorrindo com mais gosto, porque tudo parece estar no lugar, porque tudo está dando certo, pare de querer questionar apenas o ruim, pare de achar que você não merece, porque você merece talvez até o dobro, mas infelizmente sua hora não chegou, deixe o outro passar a sua frente mais uma vez, isso é bom e generoso, isso mostra que você é paciente e suporta as diversas perdas de tudo, e mais, é no momento em que estamos mais perdidos de nós e do outro que o verdadeiro encontro faz a diferença.

Sabe o paradoxo da espera do ônibus? Então... é daquele jeito: quanto mais a gente espera menos teremos que esperar.

Eu já me encontrei muito, meu eu está sempre se topando comigo nos melhores momentos, a cada hora eu sei mais de mim, quem sou, o que quero, aprendi tudo direitinho, agora preciso de mais competência para encontrar outros "eus" que não façam apologia a eu mesmo, falo de encontrar o seu eu, o eu de alguém que não está lendo isso, o eu que vaga por aí, o eu que significa tu. Quero encontrar, preferencialmente, o meu reflexo, que interpretado de maneira correta é o meu inverso, sou eu do avesso, sou eu canhoto. Se existiram desencontros? Inúmeros, eu diria. Um dia a vida acerta e me fará sair de casa na hora certa, me dará um rumo, e pela demora, o que vier será em boa hora e fará toda a diferença.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Humano, demasiado humano

Eu me odeio. Eu me odeio com toda a força que eu tenho. Longe de qualquer contradição eu me odeio por me amar, por sempre achar que estou certo, que não cometi um erro, ou vários deles, me odeio por deixar as coisas passarem por mim, por não ter coragem de correr atrás do ônibus quando estou há apenas 10 metros dele, me odeio por não estar nem aí porque "esse sou eu", "esse é o meu jeito", cansei de usar essas justificativas também.

Cansei de ter que mostrar meu lado idealizado para instigar nas pessoas o desejo de me conhecer de verdade, eu não sou os filmes que vejo, muito bons por sinal, não sou as músicas que escuto, não sou os objetos legais que estão no meu quarto, não sou a minha coleção disso ou daquilo, não queria me preocupar em me esforçar para que gostem de mim, mas fiz isso, acabei esquecendo que aqueles que realmente gostam de mim não precisaram desses artifícios inúteis, eles me conheceram e depois conheceram o que me preenche, na simplicidade fiz os melhores e maiores amigos da minha vida.

Não te julgo se me achares forçado, eu posso ter sido em algum momento, não te julgo por achar que eu falo demais, eu sempre falo demais em todos os momentos; tudo na tentativa de mostrar o máximo de coisas possíveis em tempo recorde, mas de que adianta se a essência está sendo suprimida? Não faz sentido.

Sim, eu fui forçado por muito tempo, por quase um ano, fiz isso tão bem que até eu me convenci de que eu não teria do que pedir perdão, acretidei que tudo tinha passado, que tudo estava ótimo, eu forcei serenidade, forcei sorrisos, momentos, agressividade, eu fui uma farsa, e é assim que alguns me conhecem, como posso pedir que agora vejam o meu lado que realmente importa?

Sou uma boa pessoa, eu sei, e quero que isso seja o necessário a partir de agora. Vou tentar viver das consequencias disso, como antigamente, quando um sorriso e um bom dia eram suficientes, quero me culpar mais para ver que eu posso sim estar errado, que eu dei motivos ou que os deixei de dar, quero me perdoar por minhas falhas porque fui humano o suficiente para reconhecê-las, quero que você me compreenda, me entenda, me aceite.

sábado, 16 de abril de 2011

Morda-se/me

Não que eu não morda. Eu mordo sim, mas só às vezes e só de leve, me mordo mais do que mordo os outros; me mordo de ciúmes, de dúvidas, de vontade ou só para deixar aquela marquinha de dente, mas mordo, e não leve isso só como metáfora, eu literalmente me mordo, da mesma forma que um bebê pode chupar o dedo, em ambos os casos sentimos o nosso próprio sabor. Vivemos em tempos de autofagia, e não só por isso, me mordo para sentir uma pontinha de dor, e não negue, sentir é bom mesmo quando é ruim, morda-se, saiba se é doce ou amargo, salgado ou azedo, insípido!
Morda-se, e prove que existe dor gostosa, e que não fere, e que não arranha, e que não machuca, e que não existe para doer como dor, mas como o prazer ter o controle sobre a própria dor. Morda os lábios quando desejar, morda a língua quando se concentrar, morda as unhas quando se preocupar, morda a mão para se sentir vivo, morda orelhas, queixos, cangotes e bocas. Só não esqueça: morda de leve.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Rapidinhas #14 (Arnaldeando)

O meu talento não sumiu, talento não some, ele só tá lento.

Rapidinhas #13

Faça uma lista de tudo o que é necessário na sua vida, reavalie-a, se algo nela corre de você então é um bem desnecessário, entrou na lista errada.

sábado, 2 de abril de 2011

Meu aniversário

A cada novo dia eu acordo por puro e benéfico prazer de saber o que mais de estranho a vida me reserva, pois bem, aqui estou eu para relatar a mais nova façanha do destino para me ensinar que não estamos aqui a passeio, isso é sério, é diferente e é imprevisível. Vamos à dois fatos alineares:

1- 1º de abril, meu aniversário, o dia mais importante do ano para mim;
2- 31 de março, uma grande amiga minha sofre um acidente. Atropelamento.

Vamos unir fato 2 ao fato 1:

1º de abril, o dia começa fofinho, as mensagens brotam no meu celular, as pessoas que se importam comigo e lembraram da data me dão mais um motivo para sorrir, as pessoas que se importam comigo e não lembraram da data são perdoadas, as pessoas que lembraram da data e não se importam comigo são a prova de que devo dar menos importância a elas, embora eu não consiga. Tudo perfeito, exceto pelo fato da minha amiga estar em um hospital.

Nota 1: estamos no dia da mentira;
Nota 2: nem toda mentira tem graça.

O telefone toca e dessa vez para anunciar, não o início de mais um ano de vida mas o início de menos um ano de vida. Em estado de choque, recebo a notícia do falecimento, "ela não resistiu", foi o que me disseram, e ainda em estado de choque ganho força para prosseguir em estado de choque, algo sobe à minha garganta, os olhos umedecem, a boca seca, a dor vem e o mais pesado e dolorido de tudo, meu próximo aniversário seria também o aniversário do falecimento de alguém que gosto. Naquele momento me martirizei por todos os pontos aos quais faltei, queria dizer muito a quem agora não escutaria nada. Doeu. Mais nela do que em mim, muito em mim e menos nela, não sei, mas doeu. Diante desse contraste - felicitações de um lado e consolações do outro - reconheço o quanto amo viver e o quanto isso é divino; viver não é simples, é desafiador, é milagroso. Não me futilize por cobrar parabenizações, não importa em que dia seja, uma semana depois, um mês depois, mas o faça, porque um aniversário é a comemoração de uma vida que se prolonga. Poderia ser eu o atropelado e então agora falecido, e tudo o que ainda tenho pra dizer ou que você ainda tem para me dizer, onde fica? O que me acalmou foi poder ler o relato de quem se importa comigo, me emocionar com isso e saber que pelo menos com uma pessoa eu não teria dívida, porque resolvemos tudo em vida (Leia o relato aqui). Esse relato me deu o extímulo para dizer "poxa, algumas pessoas prestam atenção" e essas com certeza me velariam com sinceridade. Agora aos 19 anos, acho que a vida está passando rápido demais, e ela está sendo dura. Ano passado o meu primeiro de abril foi diferente, apaixonado, nesse eu estive mais uma vez sentido apenas o básico: amor ao próximo. Muita coisa ainda tem que acontecer. Minha amiga, com apenas 18 anos e tudo pela frente, agora morta, era o exemplo de que não devo tratar a vida com rancor, era o exemplo de que hoje é o dia de dizer "me perdoa?" ou também um "sim, eu te perdoo", ela foi o instrumento que o destino usou para servir como moral de uma fábula...

...O telefone toca, eu atendo:
- Sabe a morte dela? Então, fez parte do 1º de abril. Ela está viva. Dolorida, mas viva, vivíssima!

Senti alívio, senti que morrer de mentira é algo que deve acontecer à todos pelo menos uma vez, senti vontade de correr e gritar pra todo mundo com quem tenho dívida que não preciso esperar a morte vir para perceber que coisas devem ser ditas, senti ódio por saber que um filho da puta foi capaz de se aproveitar do dia da mentira para brincar com a vida de alguém dessa forma, senti que estar com 19 anos e poder sentir tanta coisa de uma vez só é tão divino quanto a vida e tudo mais. E assim foi o meu dia.

Feliz aniversário pra mim.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Algo que marca

Leve na lembrança a singela melodia que eu fiz pra ti, e ainda na lembrança guarde as cartas, guarde também qualquer traço do que sobrou de mim, se houver algo que sobrou; não acredito que eu tenha sido o suficiente para bastar e ainda deixar sobras, talvez eu tenha sido o vinho que deixou a taça meio cheia, ou meio vazia (a depender de como fui visto), ainda longe de transbordar e manchar eternamente a toalha da mesa, ou talvez eu tenha sido o vinho branco que insiste em não manchar nada, que elimina vestigios de sua existência apenas com um copo d'água. E por não deixar manchas ou marcas da minha passagem, quem há de lembrar de mim? O que há de lembrar de mim? Nada, nem ninguém. De maneira otimista digo que aprendi a ser assim, imperceptível. De maneira pessimista digo que não sou o que veio para ser percebido, embora tentasse. Por isso escrevo, faço cartas, entoo músicas, é o meu método de mostrar o que sinto ou quero, e por ser deveras excentrico, sou taxado de sonhador, inocente, bobo. Esse é o artifício dos vinhos que não mancham: deixar um aroma, a rolha, o rótulo, qualquer coisa que supere o fato deles não existirem para serem intensos. Acredito na arte dos vinhos, aquela que se apoia no tempo para dar vida e sabor à bebida, e com o tempo espero aperfeiçoar minha intensidade de vinho, espero ser suficiente para transbordar taças, manchar toalhas de mesa, saciar olfatos e escolher a minha própria taça, uma firme, que realce minha cor, que não tremule, pois se a taça cai, eu caio. Quero ser o vinho da safra que é exportada porque deu certo, e não a que permanece à esmo no galpão, esperando ser consumido por alguém que bebe qualquer coisa.

quinta-feira, 17 de março de 2011

Um olhar, o meu.

Chega um dia em que tudo acontece como se nada tivesse acontecido antes, melhor, chega um dia em que tudo acontece como se TUDO que tivesse acontecido antes agora fosse NADA, mais nada. E esse nada que sobrou de tudo, é tudo, é o que desejamos, é a nossa liberdade, é o nosso suspiro de alívio após um tempo conturbado na tentativa de esquecimento, é o se ter consigo e precisar de si para ser forte, é ser o soldado principal do próprio exército, é não cair nunca mais na mesma armadilha, é voltar a ter perspicácia, é voltar a se importar mais com o mundo, cuidar mais do mundo, ser o mundo sem se desligar do próprio infinito particular, é ser eu e saber que isso é bom, é você ser você e também saber que isso é bom; esse nada é o resgate do poço, e para mistificar com beleza, é o ressurgir das cinzas. A cada dia que um ser aprende a se amar, e em casos como o meu, voltar a se amar como antes, torna-se mais fácil, por mais decepcionante que possa ser às vezes, amar o próximo, mas com cautela, um olho fechado e outro aberto, sem deixar de crer nas atitudes e palavras dele e assim saber sentir o que Deus nos ensinou, aquilo de amar o próximo como a si. Enfim, sentir o nada que sobrou de tudo de antes, é voltar a se reafirmar, é o despertar para despertar, é ser dono da beleza da própria visão e poder dizer "gosto mais do mundo quando posso olhar pra ele comigo". Sentir nada de tudo aquilo, é tudo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Não sei jogar

Pensa num número...

Pensou?

Que pena, ele não vai servir pra nada.

É assim que eu concluo a brincadeira do "pensa num número", sabe, aquela em que você tem que pensar em um número qualquer, dividir por sei lá quanto, somar, traçar uma reta no infinito e no final conseguem dizer exatamente que número você pensou, trata-se de uma equação viciada bem simples, e para a felicidade do meu irmão eu sempre me impressiono para fazer o esforço dele valer a pena. Já fui ótimo para brincadeiras e piadas na época da escola, com o tempo parece que perdi a graça e a criatividade, tornei-me um chato, ou apenas perdi a parte da memória onde se encontram essas coisas, e tantos joguinhos, frasezinhas, versinhos, musiquinhas e brincadeiras se foram, contra a minha vontade, por ter que lembrar de outras coisas consideradas mais importantes para a minha faixa de idade. Só agora comecei a resgatar o que foi perdido, mesmo que eu não ponha em prática, terei anotado no meu caderno tudo o que esqueci com facilidade, tudo em prol de um mundo menos chato como eu e mais idiota como meu irmão. Ah! Entre eu, ele e amigos próximos, idiota é a denominação para "bobo afetuoso".

sexta-feira, 4 de março de 2011

Aline, o fim mais que previsto, e menos merecido.


Ultimamente o pouco tempo que destino à televisão tem sido satisfatório, principalmente porque a Rede Globo enfim começou a acertar, sequencialmente, em novos formatos de séries. Uma que tem me agradado bastante, desconsiderando algumas falhas de roteiro, é Aline, a reprodução mais leve da Aline das tirinhas do Adão Iturrusgarai, considerada inadequada aos padrões de moral estabelecidas pela tv aberta. Uma jovem, dois namorados, os três juntos na mesma cama. Algo decididamente fadado a dar errado em se tratando de Globo, um canal que se recusa a inovar, repetindo sempre a mesma grade de programação há anos.

No episódio de ontem, dia 3 de março, consegui enfim sentir vontade de aplaudir tudo no final, o roteiro apostou em um musical com clássicos do pop rock brasileiro, e os atores, com toda a eficiência, representaram brilhantemente cada clip; ficou bastante claro que o episódio foi baseado nas músicas, e não o contrário, em um dos trechos a narrativa foi forçada a se encaixar na letra de "De repente, Califórinia", cantada pelo psicólogo da personagem principal. No mais, a sutileza foi marcante, roteiro e música andaram de mãos dadas. Senti orgulho por ter me envolvido tanto, e em algo tão diferente do que se é produzido no Brasil. Mas, como nem tudo são flores, a série foi cancelada, os boatos afirmam que por uma cena de troca de casais em um motel, o famoso "swing". Já não bastasse a não exibição do envolvimento amoroso entre o trio, agora entra a total não exibição de envolvimento amoroso de caráter, a melhor e mais feia palavra entra agora, imoral.

Findaram os motivos para ver televisão quinta à noite, talvez a hipocrisia da Grande Família Casta seja o que eles pensam que o telespectador espera ver, pois é, eles é que pensam, não duvido que daqui há alguns dias acabem expulsando a Fernanda Lima como todo o Amor e Sexo que ela traz, o último suspiro do atual cenário da relação homem, mulher, sexo e excentricidades do mundo moderno. E as novelas onde entram? Essas estão na lista dos "pseudorelacionamentos", nada inovadores, nada atuais, nada de nada.

???

Todo mundo sabe, afinal, como funciona cada tipo de coisa do coração, vamos ler "coisa" como sentimento, ainda assim acho que esqueceram de catalogar uma dessas coisas, a mais diferente, que não dói, doendo, que alivia, incomodando, que faz bem, corroendo e não consegue ser descrita por falta de definições claras; é exatamente isso que eu tô sentindo agora, não é por alguém ou alguma coisa, é por mim.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Eu quis convencer

"Eu ando em frente por sentir vontade"
foi preciso repetir essa frase da música Janta, do Marcelo Camelo, várias vezes, para ter certeza de que tudo o que tenho feito não é e nunca foi forjado, é espontâneo ao meu querer; se eu sorri foi por puro prazer, para agradar a minha essência que sempre me mantem feliz, sem exageros, sem egoísmo e não por altruísmo, o que faço é feito por fazer, por ser natural ao que nasceu para ser feito, me encanto com as pessoas por esperar o melhor delas, me envolvo por achar que vale a pena, me afasto por sentir que me fará mal e quase nunca desisto de mostrar que sou dotado de boas intenções para aqueles que podem me ofertar algo bom. Gosto de seguir a rota original de tudo, só às vezes mudo o caminho para não sofrer com a derrota da desistência, isso enche minha vida de curvas, o que não significa que eu deixei de andar em frente, para efeitos lógicos é para frente que se anda, e não ouse discordar, ceticismo é tudo o que não se pode usar em assuntos existencialistas, assim acabariamos percebendo que nada faz sentido.
O bom de tudo o que é feito por fazer é que sempre envolvemos um pouco de invenções para deixar tudo mais mágico, a dramatização em tese, artifício das peças teatrais, essas coisas típicas de uma ficção quase real, é aí que entra a trilha sonora, um pouco de heroismo, amores inocentes juntando mãos, chuvas em momentos oportunos, dias nublados ou nada disso, que se resume em tristeza constante, e independete da maneira como você decora o seu caminho ele não deixa de ser percorrido, porque é sensacional deixar alguma coisa para trás só para poder lembrar dela mais tarde.
"Caminho em frente pra sentir saudade".

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

A história engana.

Quem entende o tempo? Devo ter uns dois ou mais textos com esse protagonista passageiro, e em nenhum deles privo o leitor de se deparar com voltas e mais voltas em um ciclo de explicações, e como todo ciclo, não há fim, ou seja, não há uma dedução exata da minha opinião sobre o tema, considero a escala de tempo humana infinitamente inferior ao que o tempo verdadeiramente representa; acreditando que o homem vive, em média, até os 70 anos, chego à conclusão de que tudo o que sabemos sobre tudo, é uma gota que cai no oceano, insignificante como tal. Estamos agora no mês mais resumido do ano, fevereiro, e por irônia esse está sendo o mais demorado e arrastado que já presenciei, o engraçado é que semana passada tomei um susto ao perceber que a semana tinha acabado instantâneamente rápido, o calendário se dissolveu, e ainda assim estamos em um mês demorado, acho que de dez semanas. Entro em total contradição ao avaliar se estamos indo rápido ou devagar, porque sinceramente eu não sei.

Analisando a escala de tempo, o nosso cotidiano é reflexo de séculos de mudanças que separam a idade média da idade moderna, aquele que esteve envolvido na culminancia das eras não soube, afinal, no que tudo resultou, assim como não sabemos se o cristianismo está mesmo perpetuado, ou até mesmo o capitalismo, tudo tende a se transformar com o tempo sem provocar grandes prejuízos psicológicos, porque não percebemos, não estaremos vivos para comparar, nem para sofrer por ser de uma época em que tudo era diferente. Não há impacto, isso tudo é idealismo histórico, uma espécie de relevancia que os estudiosos dão aos fatos, como se eles fossem exacerbadamente notáveis no momento em que acontecem, em verdade não há um momento em que tudo se transformou bruscamente, são vários, longos e distribuídos momentos, essa é a prova de que o tempo é a solução, a do tipo que dissolve e não que resolve, para qualquer mudança, e toda e qualquer mudança é uma fração de tudo o que pode acontecer com o tempo, frizando sempre que "não há impacto, não há impacto".

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Eu, na terceira pessoa.

Era uma vez um rapaz que chegara em casa tarde da noite morrendo de fome, disposto a engolir qualquer coisa "comível" (comestível é passado) da geladeira ou até mesmo fora dela, e de repente mais que de repente ele descobre a mais recheada e suculenta fatia de pizza que já havia visto em toda a sua vida, ali, bem acima da mesa. Ele pensou se deveria ou não comê-la, poderia haver um dono enlouqeucido de vontade de se deliciar com aquele aperitivo mais tarde, ou não, e sem preocupar-se com consequências, o jovem rapaz devorou o alimento como se nada mais existisse, e em sua última mordida entra em cena o dono, eufórico, berrando que jamais devemos mecher no que não é nosso sem antes perguntar se podemos. Essa regra básica embalou a infância daquele rapaz, ele sabia perfeitamente que detestava descumprir essa ordem materna, mas em alguns momentos é inevitável seguir as leis da sobrevivência em bandos; logo após reconhecer o seu erro, ele foi ao seu quarto refletir quantas vezes desobedecera tal conceito ético, e descobriu que desobedecera a vida inteira, não com comida, objetos, referências alheias e sim com as coisas da vida, coisas não-materiais, o tempo inteiro ele insistira em mecher no que não lhe pertencia, ele capturava coisas que não eram dele e nunca tiveram a intenção de ser, lembrou que agora mesmo estava vivendo algo "não-dele", e o pior de tudo é que não existia um dono para lhe dar permissão de usar o que quer que ele já estivesse usando, o que importava é que ele estava envolvido e queria contuinuar a usufruir desse bem, mas em algum momento a razão vai mais uma vez esbofeteá-lo, e ele vai ter que devolver tudo que já mordeu, vai ter que cuspir e pedir desculpas, dizer que não fará mais isso, e assim notar que as coisas que realmente lhe pertecem ainda não chegaram, e se um dia vierem, que tragam junto um contrato assinado pela vida, para que ninguém revogue por seus direitos conquistados.

Vomite um arco-íris

Claudia, você já sabe o que tem que fazer.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Decisões, eu tomo.

Em uma discussão sobre as decisões da vida, decidi me calar; não sou um exemplo em tomadas de decisões, apenas sou decidido, e como tudo é relativo veto alguma ligação entre um e outro. Ser decidido é querer com ponto final, ser bom em tomar decisões é... bom... não sei, acho que é ser institivo, intuitivo, inteligente e decidir o certo (lê-se melhor); nem sempre estou certo quanto ao que escolhi querer, mas vou adiante com isso porque prefiro apenas agir e aguardar o resultado, acreditanto fielmente no poder da decisão. Minha metodologia requer tempo, antes de intimar o próximo passo eu penso, analiso, cogito, viajo, morro e ressucito, e o melhor de tudo, volto decidido. A resposta final será a final, se eu disser sim, é sim e eu não estarei equivocado, eu não precisarei pensar melhor e será o melhor para o mundo. Sempre decidido, não importa a situação, e se eu disser que estou na dúvida estou mentido para não admitir algum ponto, nunca prossigo na dúvida e falo isso porque me conheço bem, essa foi uma das propostas que aprendi de uns tempos para cá (conhece-te a ti mesmo). Embora viva rodeado de pessoas que não sabem o que querem, ou se querem, me mantenho seguro, e se o contraste entre minha segurança e a insegurança do próximo for grande, me retiro do recinto para não sofrer danos. O importante é sempre decidir, se arrepender por ter feito e não por ter deixado de fazer, e quando decidir seja leal a isso, não há nada pior do que trair a si e as próprias ideias.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Enfim

E de manhã, ao acordar, aquela brisa te toca o rosto; a brisa que deixa tudo mais frio e confortável, que vem caladinha encher o ambiente de ar e dispersar cada foco de fumaça que te sufoca, uma brisa desejada à cada falta de ar que a dor causa, que ameniza todo o desconforto das atitudes mal tomadas e das palavras que jamais deveriam ser pronunciadas. Ela leva consigo todo o peso do não, do fim e do medo do sim, e leve, te mostra que há delicadeza suficiente entre tanta indiferença. Quatro olhos se encontrarão, em silêncio, tentando estabelecer qualquer ponta de diálogo que o tempo planejou, pois a brisa trás de volta o que insiste em partir, põe na tua frente, para que aquele piscar de olhos, único e triste, te lembre que a saudade só fará sentido e só será aproveitada se existir distância entre você e o que o sentimento te projeta.

(Sugestão de música: "Seu Olhar" por Seu Jorge. Estava ouvindo quando escrevi)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Físisa aplicada


Estudos da dinâmica me ensinaram que móveis em rampas levemente inclinadas em um ângulo agudo, com a ajuda da força gravitacional e a influência do peso, e este igualando-se ou superando a normal e o atrito, vivem na "iminência" de queda. É bem verdade que tudo hoje é iminente, tudo está quase caindo, chegando ou saindo; corremos riscos à todo instante de tempo, espontâneamente, nada planejado ou calculado, exceto para aqueles que crêem no destino. Eu acredito, mas também defendo o direito ao livre arbítrio, porque é possível unir ambos, posso acreditar que embora a vida já esteja definida do momento que nascemos ao momento que morremos, é possivel impor escolhas e mudar alguns pontos, embora desconhecidos. Basicamente somos um móvel na ponta de um cone, isso nos proporciona 360º de rampas, e a iminência de queda para inúmeros lugares, esse é o destino, diversos caminhos já traçados, o livre arbítrio é a capacidade de escolher um deles, e a partir de então esperar que tudo aconteça como deve, mas o que vai acontecer pertence somente ao destino, considerando assim que a nossa liberdade não nos permite programar a montagem de um albúm de fotos, apenas escolher em qual deles queremos estar, a produção cabe apenas a um ser superior. O que afirmo é: não sei se essa é a vida que pedi a Deus, mas é a que ele tem me proporcionado para escolher.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Um narciso para Elson Junior

Hoje vim falar sobre flores, especificamente os narcisos, belos, mas tão belos quanto qualquer rosa em qualquer jardim de qualquer canto dos campos Elísios possa ser, tão cheiroso que as lagrimas saltam aos olhos com tamanho aroma, tão leve que as abelhas disputam a delicadesa exagerada do seu pólem, uma flor que se foi como tantas outras, murchou de acordo com o ciclo natual das flores.

Há mais de dois anos cultivo comigo o prazer da presença de dois grandes amigos, e por eles guardo um sentimento tão forte quanto qualquer outro, formamos o trio, não apenas isso, formamos um trio de três, com um sabor agridoce resultado de uma mistura de costumes, a união de uma gaúcha, um fluminense e um pernambucano, a harmonia mais sublime que presenciei até os dias de hoje, e dessa união brotaram flores, a dona Renilda Narcisio, ou simplesmente tia Rê, mãe do Elson Junior (vulgo Idiota), o tal fluminese, e ela nos adotou (a Vanessa e eu) primeiro como sobrinhos, depois como filhos, e assim sentimos que eramos enfim, irmãos separados pelo destino. Com a tia Rê aprendi a fazer pudim de um jeito diferente, tudo por dicas no skype, também aprendi que comigo nunca dá certo, e desde então ela me deve um pudim de um jeito diferente feito por ela, consistente e bonito, ela também me ensinou que vale a pena lutar por quem amamos mesmo que seja doloroso, e que um problema pessoal pode ser substituido pelos problemas alheios se a nossa maneira de resolvê-los for melhor e eficiente, sabe, um dia eu estava triste e ela recitou Drummond para mim, que fantástica, desde então aquele verso que deixei se perder é agora o poema de "Drummond por Renilda Narcísio", em outra ocasião ela quis saber porque eu chamava o filho dela de idiota e eu disse "porquê ele também me chama assim... E mais, é a nossa maneira agressiva de dizer o quanto nos gostamos, depois que ele passou a ser 'o idiota' o que antes poderia ser ofensa, agora é a minha mais fiel demonstração de afeto, se o mundo fosse idiota assim, seria, por completo, feliz".

Nessa manhã sou informado que perdemos a nossa flor, tia e também mãe, que lutou durante anos pela própria vida porque sabia que outras dependiam dela, e que embora fossem crescidos, o filho sempre deve ter de garantia um futuro e o marido um presente. O dia está nublado lá fora e eu não estou feliz, porque aquela voz doce nunca se materializará na minha frente para me abraçar e me chamar de "titikinho" novamente, porque terei que me virar sozinho se quiser comer aquele pudim feito de um jeito diferente, e o que aumenta a minha tristeza, e também a da Vanessa, é o fato de não estarmos agora ao lado do nosso Idiota, o "tchau tia" ficará silênciado. A distância é traiçoeira, mas nunca impediu que a nossa amizade se perpetuasse, somos uma família que acaba de perder um membro de extrema importância, e nem um abraço podemos dar à pessoa que mais sofrerá com essa perda.

A única coisa que posso fazer é expor aqui a letra de uma música, a qual um dia em uma conversa com a tia Rê, eu disse que entoaria a minha ida desse mundo, ela amou a ideia e disse que a minha criatividade rodeava até a minha morte:

"[...]Onde você estiver, não se esqueça de mim
Quando você se lembrar não se esqueça que eu
Que eu não consigo apagar você da minha vida
Onde você estiver não se esqueça de mim"

Obrigado por tudo, oh Narciso de valor intríseco.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Algumas respostas dizem tudo

Me questiono por que somos tão assim, desse jeito; e quando mudamos me questiono por que mudamos tanto assim, desse jeito; e quando não mudamos me questiono por que está tudo tão igual assim, desse jeito; e quando pergunto, me questiono por que faço perguntas assim, desse jeito e na maioria das vezes ninguém entende e diz "estamos como?" "mudados como?" "assim como?" e eu só digo "assim, desse jeito que está agora". Se esse "assim, desse jeito" não existisse, ficaria difícil explicar como as coisas estão, na verdade a expressão não quer dizer muita coisa, mas faz deduzir que tem algo errado, ou certo, ou só tem algo que talvez não devesse ter e que "do jeito que estava antes" talvez fosse melhor, sei lá, cabe a cada um deduzir o seu "assim, desse jeito" de agora, e o "do jeito que estava antes" de antes da maneira que bem entender, mas que está diferente está, e se vier me perguntar "diferente como?" já vai saber a minha resposta, os fatos devem explicar todo o resto.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Abrindo o ano com chave de ouro-verde

Um ano promete ser bom ainda nos primeiros dias. Como o de costume o primeiro dia de Janeiro foi perpetuado com o meu "ritual singelo anual" de reunião de amigos na minha casa, um ou dois filmes - algo bem engraçado -, almofadas no chão e toda a comida que sobra do jantar da noite anterior, uma beleza! Um ponto diferente desse ano foi a ilustre presença da minha família que não viajou por um detalhe técnico que impossibilitou o uso do cartão de crédito em boa parte da Bahia (infâmia), mas tudo bem, foi divertido em igual escala, no dia seguinte um belo passeio pelo parque e assim fechamos o feriadão. Começando a semana, como era de se esperar, algo perturbadamente entranho tem que acontecer para que eu possa me reconhecer, não haveria de ser diferente.
Logo pela manhã, um homem de seus quarenta anos bate palmas à frente da minha casa, e eu o atendo gentilmente através da grade de proteção da porta dizendo

- Pois não?!
- Bom-dia. Você sabe me informar onde fica a casa do Padre?
- Ah, sei sim, é essa verde logo à frente.
Ele, faz um breve movimento com a cabeça a procura da casa indicada, mas sem sucesso volta a me chamar
- Rapaz! Qual casa verde?
- Essa aí, bem na sua frente... Na verdade como o senhor está olhando pra cá, ela está bem nas suas costas, mas se o senhor virar ela automaticamente estará na sua frente.
- É que não tem casa verde aqui.
- O senhor não vê? A verde, a única casa verde da rua.
-Não, não vejo, você tem certeza de que o Padre mora aqui?
- Claro que tenho, eu moro aqui, e sei quem mora nessa rua.
- Olha, eu estou meio sem tempo e acho que a casa não é aqui.
-Meu Deeeus! É a verde, super verde, olha direito que não é difícil, verde, verde, verde. Eu disse num tom "levemente" alterado.

Notei o olhar de incredulidade do homem, mas evitei sair para esfregar a cara dele naquela parede verde musgo gritante, tinha muito trabalho no escritório, e me dirigir até o lado de fora seria demorado - a quantidade de cadeados na minha casa é assustadora. Mais alguns minutos parado ao meu portão e em silêncio, ele entra no carro e parte, obviamente incompreendido, deveria ser daltônico ou algo do tipo, coitado. Horas mais tarde, ganho alguns afazeres que permitem a minha saida de casa, e ao cruzar o portão que dá acesso à rua dou de cara com a casa mais Rosa que eu já vi em toda minha vida - com ênfase em toda a minha vida- não só rosa, mas um rosa que diz "Oi, eu não sou Verde seu imbecil", foi um choque, juro pela sua mãe mortinha que bem cedinho quando fui à padaria a casa ainda era verde - caralho! Odeio estar errado -, jamais imaginei que em uma manhã o bendito padre fosse capaz de mandar pintarem a casa. Eu ri. Ri do pobre homem achando que eu estava tirando com a cara dele, ri da minha certeza assassina da cor daquela casa, ri da decepção do homem ao não encontrar a casa, ri da quantidade de palavrões que tive vontade de dizer àquele, até então, dautônico ou quase cego que não sabe o que é uma casa verde, e assim abri o meu ano. Feliz ano novo.