Era uma vez um rapaz que chegara em casa tarde da noite morrendo de fome, disposto a engolir qualquer coisa "comível" (comestível é passado) da geladeira ou até mesmo fora dela, e de repente mais que de repente ele descobre a mais recheada e suculenta fatia de pizza que já havia visto em toda a sua vida, ali, bem acima da mesa. Ele pensou se deveria ou não comê-la, poderia haver um dono enlouqeucido de vontade de se deliciar com aquele aperitivo mais tarde, ou não, e sem preocupar-se com consequências, o jovem rapaz devorou o alimento como se nada mais existisse, e em sua última mordida entra em cena o dono, eufórico, berrando que jamais devemos mecher no que não é nosso sem antes perguntar se podemos. Essa regra básica embalou a infância daquele rapaz, ele sabia perfeitamente que detestava descumprir essa ordem materna, mas em alguns momentos é inevitável seguir as leis da sobrevivência em bandos; logo após reconhecer o seu erro, ele foi ao seu quarto refletir quantas vezes desobedecera tal conceito ético, e descobriu que desobedecera a vida inteira, não com comida, objetos, referências alheias e sim com as coisas da vida, coisas não-materiais, o tempo inteiro ele insistira em mecher no que não lhe pertencia, ele capturava coisas que não eram dele e nunca tiveram a intenção de ser, lembrou que agora mesmo estava vivendo algo "não-dele", e o pior de tudo é que não existia um dono para lhe dar permissão de usar o que quer que ele já estivesse usando, o que importava é que ele estava envolvido e queria contuinuar a usufruir desse bem, mas em algum momento a razão vai mais uma vez esbofeteá-lo, e ele vai ter que devolver tudo que já mordeu, vai ter que cuspir e pedir desculpas, dizer que não fará mais isso, e assim notar que as coisas que realmente lhe pertecem ainda não chegaram, e se um dia vierem, que tragam junto um contrato assinado pela vida, para que ninguém revogue por seus direitos conquistados.
Um comentário:
Eu divido o meu pedaço de pizza com você :)
Beijo.
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