Guarde isso: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo. C.F.A

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Programa de Brasileiro


Ai, ai... Brasileiro adora a desgraça alheia, isso é um fato, caso contrário ninguém ligaria a tv para ver a Marcia Goldschimidt montando o barraco, e ninguém ouviria aquela narradora de histórias que provavelmente acabou de se alfabetizar, mas veja que lindo, a Band deu uma oportunidade e um emprego de narradora a uma pessoa que lê fazendo inúmeras pausas enquanto conta os tristes e comoventes causos da vida privada, porque problemas de família devem ser resolvidos na televisão. Acabo de descobrir um programa de rádio muito cômico, e de grande audiência, não é a Marcia, e se passa na Rádio FM local, para ter ideia da grande criatividade da produção, o radialista inicia o quadro com as "notas de falecimento", um convite fru-fru para o velório mais próximo de você (óóóó não precisava). Alguns chamam isso de entretenimento, eu chamo de "encheção de saco" (adoro diversificar nas palavras), e para completar o pacote, a abertura é com uma das músicas insuportáveis do Kenny G e seu sax melancólico, as manchetes são divididas por episódios: mandato de prisão I, mandato de prisão II, mandato de prisão III. Nada melhor como começar o dia com tanta notícia motivadora.
A apresentação de Wuinston Monte Claro (olha o nome da pessoa) é marcante, principalmente na parte em que ele põe medo nos ouvintes, é ameaça de prisão para cá, filho da puta pra lá, bandido safado lá na esquina, e assim segue todo o tempo, até a hora em que tudo termina com a trilha do filme "TUBARÃO". Eu fiquei em estado de choque, nunca imaginei que o linha direta fosse menos assustador do que um programa de rádio e que o Datena seria fichinha perto do W.M.C. (para os íntimos).
Há quem negue a minha tese, mas é a pura verdade, o Kenny G é um chato e os brasileiros gostam de ver o circo pegar fogo. Começa muito cedo, ainda na escola o famoso coro insentiva os pestinhas a se estapearem, até que alguma professora, stressada e de saco cheio da vida que tem, aparece e acaba com a diversão de quem está fora da baixaria. Isso cria uma sociedade de adultos levemente atraídos por gritos e palavrões, desde que não sejam com eles. Como diz o ditado: pimenta nos olhos dos outros é refresco de morango (o morango é cortesia da casa). Morra quem morrer, se não for parente não há motivo para pânico, pelo contrário, com o Wuinston isso é motivo de barulho, sirene e uma piadinha sobre o tamanho da burrice dos criminosos, é praticamente uma aula de como fazer o serviço sem ser pego pela super-inteligência da polícia brasileira (não riam).
E se você acha isso normal, parabéns, você é genuinamente um filho do Brasil, e tem sangue português, pra ser mais preciso, 100% de sangue português. Olha lá, eu não mencionei nada sobre português ser burro, mas se você por algum acaso deduzir isso, o problema é seu. Agora eu irei fazer o meu papel de hipócrita, e vou ver o Datena, não garanto que isso não me emburreça (eu disse emburrecer e não aborrecer), mas não tem outra coisa pra ver mesmo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Maneiras não-confiáveis de suicídio

"A sociedade está 'se auto-suicidando-se'".
É com essa frase de impacto, que leva qualquer sujeito a uma reflexão repentina (do tipo: preciso morrer antes que eu leia isso de novo), que começo esse texto. Não sei qual o gênio responsável por uma coisa tão bela (idiota) e inteligente, mas encontrei (não sei por qual motivo) em uma lista de pérolas das redações, consequentemente meu lado intérprete despertou (isso é um progresso) e entendí a frase em itálico da seguinte forma: Isso não quer dizer porra nenhuma. É apenas uma tentativa absurda de provar que alguém pode não saber a diferença entre suicídio e homicídio, ou pior, a mesma pessoa pode deduzir que se alguém não se "auto-suicida" ela "suicida outra pessoa", essa é a única explicação. Só para deixar claro, caso haja algum lerdinho (sempre tem) que ainda não entendeu onde quero chegar, sabendo a diferença entre os dois termos você pode definir que o uso de "auto" não é necessário, suicídio já faz referência à "sí mesmo".
Como todo mundo sabe que para surgir inspiração basta aparecer algo idiota na sua frente, esse é meu caso, e já que estamos dentro do assunto "suicídio", vim ensinar totalmente grátis 5 maneiras convencionais (top 5) de como não se "auto-suicidar" (se eu digitar isso mais uma vez meu teclado cria vida e me mata). Enfim, todo dia pessoas felizes e saltitantes (pra não dizer depressivas) cometem suicídio, mas ninguém espera se arrepender na metade do caminho, por isso deve-se antes analisar a situação pra fazer o serviço direito:

ENVENENAMENTO: já foi bem mais requisitado antigamente, e presenciei casos, muitos casos. Geralmente acontece quando alguém termina o namoro, as mulheres são recordistas, a possibilidade de dar errado (o arrependimento) é grande, então evite remédio tarja-preta, veneno de rato ou desinfetante, isso as vezes pode demorar, e não tem classe nenhuma, porque morrer moribunda é foda, não pega bem. Uma solução é agrotóxico, morte rápida e prática, se for amargo põe açucar que desce, deixe uma carta para depositarem a embalagem em algum centro responsável pela reciclagem, até pra morrer temos que ser ecologicamente corretos.

A "LA JULIET": uma morte clássica, digna de romances. Punhal cravado no peito (que chic), por favor não use a faca da cozinha, é deprimente. É necessário muita prática e estudo em anatômia para descobrir pontos vitais, imagina aí se acerta em um local insignificante, doi pra caralho, você vai desistir, e ainda tem que arrumar explicação de como a faca acidentalmente pode ter caído e provocado tal ferimento.

ENFORCAMENTO: essa é muito utilizada, aconselho a não arriscar, a intenção é quebrar o pescoço, pra isso você tem que saber vários cálculos físicos de altura, massa, gravidade e a probabilidade (aí já entra a matemática) de dar certo, estudar pra morrer é lasca. Se seu lindo pescocinho não quebrar, a morte vem por asfixía, deve ser horrível. E ainda pode acontecer de a corda quebrar, o sustento romper e etc que pode te levar ao arrependimento antes do feito.

TIRO NA CABEÇA: requisitado por ricassos falidos, presidentes arruinados, e senhores de café em crise. Só pra deixar claro, não compre 5 balas, só vai gastar dinheiro, que idiota acha que vai conseguir dar 5 tiros na cabeça antes de morrer, é só uma mesmo, economia sempre faz bem. Para concretizar seu descanso eterno dessa maneira é preciso antes: ter uma arma, licença de porte (se for morrer, morra dentro da lei), e força pra segurar o revolver com uma mão só, caso não se encaixe nessas exigências procure maneira mais simples como visitar uma favela do Rio de Janeiro (é a solução mais viável).

GÁS DE COZINHA: se você percebeu que nenhuma das quatro sujestões acima darão certo, apele para o gás, todo mundo tem, é só abrir a chave do butijão com as portas fechadas e esperar. E se o gás acabar, contente-se com a ideia que que não é a sua hora de morrer, e sim de arrumar um emprego e sempre ter reserva de gás em casa. Não acenda lâmpadas, nem fósforos, assim tudo explode, imagina o prejuízo que você vai dar a quem fica vivo.

Viu? antes de se matar você deve pensar duas vezes, ou não, dizem que se no momento da crise emocional algum outro pensamento vier à cabeça, babau, passa a vontade. Ah, se quiser chamar a atenção do namorado (a) esqueça, dentro de um ano ele estará transando com sua(eu) melhor amiga(o), após voltar da missa de finados. Não se ache tão importante assim para o mundo, você não é ninguém, depois da morte sua referência será : fulano era um descontrolado e se matou. Que imagen ruim. Em vida o remorso pode ser bem maior.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Paradigma do ENEM

Quinta-feira de manhã, me acordam aos berros como se algo de muito grave tivesse acontecido, levantei desesperado, sonolento, enraivado e tudo mais, tive todas as reações possíveis que as pessoas normais têm quando acordam cedo. Mas nem tudo acaba aí, as consequências desse alarde todo ainda viria. Foi pelo jornal, na hora exata, Zileide Silva movimentando seus lábios de ébano para pronunciar sons que não se encaixavam na minha cabeça, eram palavras, do tipo "o ENEM foi cancelado por fraude, vamos falar ao vivo com Fernando Haddad, ministro da educação". Um minuto de silêncio até que o neurônios atingissem o rítmo, pronto, caiu a ficha: "Não farei mais a prova da minha vida nesse fim de semana". Foi como se tivesse chovido bem na hora que a pedra do nômade começasse a fazer faíscas de fogo, como uma rede de proteção na hora máxima do suicída, como um dedo no olho bom do pirata caolho, como se o pai da namorada entrasse na sala na hora "H" do ápice sexual, enfim, foi um "bac" (só pra resumir tudo). Todo o meu intusiasmo e estudo semanal em vão, terei que fazer tudo de novo. E a suposta "fraude" ainda continua sem explicação.

É só somar os quadrados dos catetos (gosto de diversificar) e perceber que nada se encaixa como deveria, nos jornais anunciam que alguém teve acesso ao conteúdo altamente sigiloso da prova, e esse mesmo alguém pretendia utiliza-la de maneira indevida, podendo beneficiar próximos, ou até mesmo lucrar absurdos com isso, mas ele resolveu - acredite - vender a prova a um jornal, quando naquele exato momento milhões de pessoas pagariam até o que não tinham por aquele monte de celulose prensada, e é claro que o Folha de São Paulo faria o papel de honestidade da história, denunciando ao MEC sem pensar duas vezes. O Homem e sua complexidade, coisas que me pasmam. E agora vamos ao lado psicótico e radical da situação, a mais nova teoria da conspiração (adoro quando as frases formam rimas), que se chama "despreparo de um governo". Antes disso tudo acontecer, foi sabido pela mídia alguns escândalos, como o da escola de Recife que não teve nenhum aluno com inscrição confirmada, sendo que o governo concordou em aceitar -mesmo a escola não sendo pública e sim mantida pela igreja- a isenção de todos os alunos, ou o caso do estudante do Ceará que teve o seu local de prova definido no estado do Tocantins. É por essas e outras que devemos pensar duas vezes; será que ouve fraude, ou isso foi mais uma operação "tapa buraco" para ganhar tempo e provar que a educação brasileira não é falha? Quer queira quer não, o prejuízo financeiro aos cofres públicos e psicológico aos estudantes foi bem grande, diferente da criatividade e qualidade das questões do ENEM, problemas óbvios, que garantiriam pelo menos 80% de acerto para metade dos inscritos. Essa atitude pode ser vista como uma oportunidade do Brasil se gabar por obter um bom resultado, que na verdade foi forçado a existir. São tantos fatores duvidosos, que prefiro parar por aqui mesmo, quero esperar uma tomada de posição para descobrir o autor (ou o ator) responsável por esse transtorno. Minha meta é arregalar os olhos, pensar por todas as direções, e não deixar a peteca cair, pois enquanto nos curvamos para pega-la alguém pode contornar a situação e nos convencer de que tudo é um fato sem antecedentes.

Série: Harper's Island

Chegou a vez de falar das séries, americana por sinal, Harper's Island. Por coincidência a 1ª temporada passou a ser exibida no SBT na mesma semana em que um amigo me emprestou, porém, ver todos os capítulos de uma vez só é muito mais proveitoso e emocionante. E em se tratando de emoção a trama não deixa a desejar, desde o primeiro capítulo o clima de suspense preenche a tela da TV e prende qualquer um que cruze o caminho dos seus 13 episódios.

Um grupo de amigos parte para uma ilha, onde será realizado o casamento dos sonhos entre Henry Dunn (Christopher Gorham) e Trish Wellington (Katie Cassidy). Uma surpresa para todos foi a presença de Abby Mills (Elaine Cassidy), pois a oito anos atrás um serial killer marcou a história da ilha de Harper com o assassinato de 5 pessoas, uma delas era sua mãe. O impacto de ver a mãe morta seria um dos motivos para Abby nunca mais retornar ao cenário que provavelmente viesse a trazer lembranças terríveis, porém a união de seus dois grandes amigos provou que o passado poderia ser esquecido. O que ela não esperava é que a história fosse se repetir, dessa vez com uma proporção maior de vítimas, e ela sente-se na obrigação de dar um fim nesse tormento. Vinte e cinco pessoas, um assassino, mortes, surpresas, romance e muito bom gosto.

Eu particularmente adorei assistir, e recomendo a todos que gostam de perder um pouco de tempo quebrando a cabeça para desvendar mistérios. A versão traduzida é meio tosca, as vozes não se encaixam nem um pouco com os personagens, há uma perda de emoção muito grande, por isso ví legendado, e não me arrependo. Só posso adiantar que o final é surpreendente.