Quinta-feira de manhã, me acordam aos berros como se algo de muito grave tivesse acontecido, levantei desesperado, sonolento, enraivado e tudo mais, tive todas as reações possíveis que as pessoas normais têm quando acordam cedo. Mas nem tudo acaba aí, as consequências desse alarde todo ainda viria. Foi pelo jornal, na hora exata, Zileide Silva movimentando seus lábios de ébano para pronunciar sons que não se encaixavam na minha cabeça, eram palavras, do tipo "o ENEM foi cancelado por fraude, vamos falar ao vivo com Fernando Haddad, ministro da educação". Um minuto de silêncio até que o neurônios atingissem o rítmo, pronto, caiu a ficha: "Não farei mais a prova da minha vida nesse fim de semana". Foi como se tivesse chovido bem na hora que a pedra do nômade começasse a fazer faíscas de fogo, como uma rede de proteção na hora máxima do suicída, como um dedo no olho bom do pirata caolho, como se o pai da namorada entrasse na sala na hora "H" do ápice sexual, enfim, foi um "bac" (só pra resumir tudo). Todo o meu intusiasmo e estudo semanal em vão, terei que fazer tudo de novo. E a suposta "fraude" ainda continua sem explicação.
É só somar os quadrados dos catetos (gosto de diversificar) e perceber que nada se encaixa como deveria, nos jornais anunciam que alguém teve acesso ao conteúdo altamente sigiloso da prova, e esse mesmo alguém pretendia utiliza-la de maneira indevida, podendo beneficiar próximos, ou até mesmo lucrar absurdos com isso, mas ele resolveu - acredite - vender a prova a um jornal, quando naquele exato momento milhões de pessoas pagariam até o que não tinham por aquele monte de celulose prensada, e é claro que o Folha de São Paulo faria o papel de honestidade da história, denunciando ao MEC sem pensar duas vezes. O Homem e sua complexidade, coisas que me pasmam. E agora vamos ao lado psicótico e radical da situação, a mais nova teoria da conspiração (adoro quando as frases formam rimas), que se chama "despreparo de um governo". Antes disso tudo acontecer, foi sabido pela mídia alguns escândalos, como o da escola de Recife que não teve nenhum aluno com inscrição confirmada, sendo que o governo concordou em aceitar -mesmo a escola não sendo pública e sim mantida pela igreja- a isenção de todos os alunos, ou o caso do estudante do Ceará que teve o seu local de prova definido no estado do Tocantins. É por essas e outras que devemos pensar duas vezes; será que ouve fraude, ou isso foi mais uma operação "tapa buraco" para ganhar tempo e provar que a educação brasileira não é falha? Quer queira quer não, o prejuízo financeiro aos cofres públicos e psicológico aos estudantes foi bem grande, diferente da criatividade e qualidade das questões do ENEM, problemas óbvios, que garantiriam pelo menos 80% de acerto para metade dos inscritos. Essa atitude pode ser vista como uma oportunidade do Brasil se gabar por obter um bom resultado, que na verdade foi forçado a existir. São tantos fatores duvidosos, que prefiro parar por aqui mesmo, quero esperar uma tomada de posição para descobrir o autor (ou o ator) responsável por esse transtorno. Minha meta é arregalar os olhos, pensar por todas as direções, e não deixar a peteca cair, pois enquanto nos curvamos para pega-la alguém pode contornar a situação e nos convencer de que tudo é um fato sem antecedentes.
2 comentários:
o "aborto" do ENEM... :/
o estupro da minha vida
Postar um comentário