Tem dias em que não me reconheço mais, ninguém me reconhece, nem tanto por eu ter mudado e sim por esse não ser eu. Seja lá quem você for traga o meu filho de volta, disse a minha mãe. Só assim para que eu percebesse que não estou aqui, e pior, que também não sei onde fui parar. Sempre fui ligado à silogismos só meus, um nada na minha cabeça logo se subvertia em mil pensamentos lógicos, lunáticos, e eu ria, costumava ser engraçado, um simples "bom dia" era suficiente para que eu entrasse em uma cabine dentro de mim, tentando descobrir o que poderia estar se passando na cabeça de quem, sem nenhum motivo, havia sido gentil comigo, logo eu caia em transe, como o Senhor Questão da liga da Justiça, e paranoicamente deduzia que tudo tinha uma segunda explicação ou até uma teoria da conspiração subentendida. Ah! Como eu era criativo. Continuo assim, mas minha desorganização faz com que eu pense paranoicamente sem nenhum controle de escape, e acabo dizendo coisas sem sentido que estão totalmente contra quem eu sou. Me vejo como o Carlitos, um vagabundo com trajes finos, monocromático, totalmente mudo, tentando demonstrar por gestos, ações, feições, expressões tudo que se passa dentro de mim, mas não tenho um terço do talento do Chaplin para obter o êxito, então acabo sendo mal visto, mal associado, mal referenciado, enfim, mal. Eu muito queria fazer parte de um filme, poder rebobinar a fita e evitar fazer o que agora já está feito, evitar sentir essa vontade de andar na rua com um saco na cabeça, evitar a vergonha de ter agido como um personagem desprezível e sem atrativos, mas a cena já está pronta, a folha de créditos já foi rubricada, é tarde demais, agora tenho que apagar gradativamente essa minha imagem manchada que deixei para o público, e procurar fazer meu EU (retratado em todos os outros personagens anteriores) voltar à ativa, pois ele sim, tem qualidades dignas de respeito mútuo. O Carlitos de verdade faria exatamente como na ultima cena de "Tempos modernos", me pediria para sorrir, daí o fundo musical "Smile" me emocionaria, mas o meu Carlitos, ainda longe da ultima cena só tem a dizer "paciência e compreensão", sem nenhum fundo musical, só o silêncio.
2 comentários:
Abraç__O__ do coco!
Não Vou Me Adaptar
Nando Reis
Composição: Arnaldo Antunes
Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar (3x)
Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
É que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Me adaptar!
Eu não caibo mais nas roupas que eu cabia
Eu não encho mais a casa de alegria
Os anos se passaram enquanto eu dormia
E quem eu queria bem me esquecia
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou me adaptar!
Não vou!
Eu não tenho mais a cara que eu tinha
No espelho essa cara já não é minha
Mas é que quando eu me toquei achei tão estranho
A minha barba estava deste tamanho
Será que eu falei o que ninguém ouvia?
Será que eu escutei o que ninguém dizia?
Eu não vou me adaptar, me adaptar
Não vou!
Não vou me adaptar! Eu não vou me adaptar!
Não vou! Me adaptar!...
Tem músicas que fazem todo o sentido
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