Guarde isso: alguma coisa sempre faz falta. Guarde sem dor, embora doa, e em segredo. C.F.A

terça-feira, 29 de junho de 2010

Se tu contas, eu conto.

"Quem conta um conto, aumenta um ponto", já dizia a sabedoria popular. E foi de contos que pontuei a vida, pontos pingados como os de costume, como o pingo do i que se casou com o do j e da união nasceu um pingüim, isso li numa pequena lorota das letras, em um conto de Leo Cunha. E se eu fosse, com muito zelo, relatar os meu autores, contadores de histórias, narradores de infância ou seja lá como se chamem, vou subtamente citar o João Anzamello Carrascoza, que humildemente narrou a morte do "seu Hermes", num dia parecido com a noite, meio triste, com cara de coisa ruim, com chuva que mais parecia o choro do céu, e enfim morre o pobre velho, triste fim.
Fui menino leitor, gostava de relatos, de conhecer a vida dos outros, mesmo que não fosse a vida de verdade dos outros, e ainda assim nada parecia ser mentira. Bisa Bia, bisa Bel foi o primeiro continho grandão que li, com 7 anos de idade, que novinho! Achei o livro enorme, passei uma semana inteira lendo, foi a minha grande paixão, e digo de coração que esse continho grandão é repleto de emoção. Já fui de rima, de comédia, de teatrinho, de fábula, de crônica, de palavras cruzadas e agora nem sei mais do que sou, acho que de dissertação argumentativa, que chato!
Não sou bom contador, isso é fato, mas não me falta o que contar, como por exemplo, do mundo das fadinhas de pólem, o qual só eu e meus irmãos conhemos, aquelas que fazem cóssegas nos narizes e provocam espirros que não são de resfriado, são de nada. Também tem os borreguinhos enjeitados que criei, sempre aos pares, borregos por serem filhos de ovelhas e carneiros, enjeitados por não serem vistos como filhos, cuidei de amamentar cada um deles, com mamadeira e leite de vaca, portanto eles eram borreguinhos, filhos de gente, que comiam comida de bezerro, quanta confusão, quanta diversão, e disso eu já poderia fazer um conto: "as aventuras de Sonza, o criador deborregos". Sonza? estranho não é?! Era assim que minha avó me chamava, de Alisson (que nem é meu nome de cartório) ela fez Alissonzinho, rachou a palavra ao meio e fez Sonzinho, que logo perdeu o inho, daí nasceu Sonza, o criador de borregos (e cabritos também). Viu? Juntando relatos logo-logo tiramos um extrato de toda uma vida, igual a uma agenda narrada, desse jeito: 1 de Abril de 1992, nasci, mas ninguém acreditou, nem tanto por ser dia da mentira e sim por ser coisa contada por minha mãe no dia da mentira, aí acreditar é pedir demais. Juntanto tudo, aumentando todos os pontos e formando um personagem eu sou Sonza, o criador de borregos e cabritos enjeitados, que só existiu para a família quatro horas depois de nascido por ter uma mãe travessa e mentirosa, sendo assim, não fui visto como "o filho" assim que vim ao mundo, o que me classifica enjeitado por certo período de tempo, nesse caso vou me apresentar: Prazer, enjeitado! Mas pode me chamar de Zé dos contos, aquele que ama ler, ouvir , e ouvir alguém ler, porque para mim "as palavras ganham um rosto distinto quando escritas pelo lápis da voz". Sua vez, me conte uma história.

5 comentários:

Karlinha disse...

Sonza, o enjeitado a quem eu quero bem.

Como é bom te ler, Zé :D

Amanda N. disse...

Zé, sem dúvida um de seus melhores textos!

Perfeito garoto.

Erika Pók Ribeiro disse...

Dos rabiscos q vc pariu, amamentou e enjeitou para q depois eu lesse, esse, sem sombra, nem rasto, nem som de dúvidas é o perfeitamente melhor!!

Erika Pók Ribeiro disse...

Coincidentemente conheci alguém q começou a ler bem cedo, lia os pedaços de jornal q enrolavam o fumo do menino e o papel de cigarro do vô, depois os livros de uma caixa que morava no canto da sala, depois revistas escondidas embaixo de um colchão...mais tarde lia livros próprios...e tinha um conto da mulher barbada, do palhaço marmelda...

Essa pessoa criou borregos, igualmente enjeitados e amamentados, mas de personalidades bem distintas: João Bestão e Nerão. Criou cabritos, váriosss, e cabritas, a mais especial de todas chamava-se Daniela, depois criou gatos...

Sem ter mais bichos,criou coragem e ganhou o mundo...só 150 km depois do seu mundo originário. Nessa viagem encontrou o Zé enjeitado e juntos criaram uma histórinha, sem pé, nem cabeça, nem nada...historinha pra borregos e cabritos dormirem.

Zé Ellys disse...

Quando fiz esse texto eu estava na casa dos meus pais, relendo meus antigos livros, recordando o tempo passado, escrevi um texto enorme, editei e deu nesse aqui. O melhor de tudo é sempre poder compartilhar, que bom que gostaram.